Quanto mais perto menos provável.

Quanto mais perto menos provável

Luz de emergência, placas de painel solar, pilhas e conversor de energia 50 x 80 x 22 cm

Estudos para entropia ou mutualismo surge a partir de investigações sobre o funcionamento de objetos eletrônicos e alternativas para modificar suas funcionalidades. Essa investigação, que passa pela análise do funcionamento das coisas, o processo de desmontar e montar objetos para estabelecer novas conexões, apresenta muitos caminhos a serem explorados. Esse processo é registrado e apresentado em fotografias, vídeos e pelo próprio objeto, num estudo de anatomia que revela detalhes das estruturas que o compõe.

Nesse estudo surgiu a obra Quanto mais perto menos provável. Os objetos analisados são uma luz de emergência, dessas encontradas nos corredores de edifícios, e um conjunto de placas de energia solar. A luz de emergência e as placas são colocadas em frente uma da outra. Entre elas há um circuito que faz a conversão da energia coletada pelas placas solares transferindo para as baterias, que por sua vez alimentam a luz de emergência. Num primeiro momento a estrutura criada se assemelhou a um objeto de “energia infinita”, mas minha investigação queria romper esse “ciclo vicioso”, intervindo na relação entre a luz de emergência e as placas solares. Percebi que a relação entre os objetos se afeta quando dispostos em diferentes distâncias um do outro. Os dois corpos se comunicam, mas quando muito afastados, com o passar do tempo a potência da energia que circula entre eles vai se dissipando. Entretanto, se há uma luz externa (solar ou artificial) as placas captam a energia e a luz de emergência volta a funcionar, emitindo luz que novamente alimenta as baterias conectadas às placas solares. Se os objetos ficam muito longe um do outro a relação não se estabelece, o mesmo ocorre se estão muito próximos. Subjetivamente a relação entre os objetos se assemelha com a paixão entre duas pessoas, que querem estar próximas, mas se ficarem por muito tempo muito próximas uma da outra se prejudicam mutuamente. Quando numa relação ideal, a proximidade é equilibrada a ponto de permitir a cooperação entre ambas. Este processo investigativo continua a ser estudado e testado, ainda não está encerrado.

Em minha produção busco trabalhar com objetos comuns e reorganiza-los de modo que assumam outros significados nos sistemas construídos. Deslocar suas funções habituais dispondo-os de modo a criarem relações cujo sentido não se dá de forma evidente ou de acordo com o ordenamento do mundo real.

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